Continuando a série “Frutas Nativas da Mata Atlântica Pouco Conhecidas ”, nada mais coerente com as épocas de festas de fim de ano do que escrever sobre a uvaia (Eugenia pyriformis Cambess).
A uvaia, também conhecida como ubaia, uvalha, uvaieira, é outra fruta, que assim como a cereja-do-rio-grande, goiaba, araçá, jabuticaba, dentre tantas outras, são representantes da família MYRTACEAE, que é umas das famílias com mais representantes de espécies frutíferas no Brasil.
Nativa da Mata Atlântica, a uvaia está presente nas regiões Sul e Sudeste; muito suculenta e que lembra o gosto da uva logo na primeira mastigada (na minha opinião), é, porém, um pouco mais azedinha (mas um bom azedinho).

Rica em vitamina C, pode ser consumida ao natural, tarefa que pode não ser tão fácil: será preciso competir com a aviafauna, que é mais rápida e não deixa muito para nós humanos. Também é muito utilizada para fazer suco, geleia, compota, sorvete, doces em geral, licores, caipirinhas e bases para molhos e vinagres. Por tudo isso já é considerada uma fruta importantíssima para o sustento de muitas famílias.
Além da furta ser gostosa e suculenta, é linda, variando da cor amarelo para o alaranjado, possui indumento na parte externa da casca (tipo de pelos), o que a deixa com aspecto aveludado, macio e muito delicado.
O seu uso no paisagismo é muito comum, uma vez que seu tronco apresenta um tom que vai do laranja ao avermelhado quando descasca (característica da família myrtaceae). É muito atrativa, podendo se ramificar desde a base ou após atingir uma certa altura, trazendo beleza para os jardins.
Por raramente ultrapassar os 15 metres de altura, é indicada plantar nos quintais, calçadas e pomares., as raízes não prejudicam a calçada, desde que tenham uma profundidade de berço considerada. Quem quiser utilizar em projetos de reflorestamento, saibam que essa espécie é indicada para áreas alagadiças, contanto que o berço seja feito na forma invertida (como se fosse um morro de terra), isso irá proteger as raízes na fase inicial do plantio.
Sobre as informações morfológicas: as folhas são pequenas, simples, opostas, elíptica (que são mais largas na parte central), além de serem aromáticas. As flores são brancas, com pedúnculos (cabinho que sustenta a flor) axilares, ou seja, localizadas na junção entre o caule e a folha. O seu tronco descama e apresenta um tom que varia do alaranjado para o avermelhado. O fruto, que tem formato de arredondado a piriforme, mede de 2 a 5 cm de diâmetro, pode apresentar mais de uma semente.


Vamos valorizas nossas frutas Nativas. Abaixo seguem as informações para quem gostou e deseja plantar muitas uvaias por ai!!!
- Solo: Rico em matéria orgânica (esterco curtido/húmus) e com boa umidade. Entretanto, germina também em solos pobres como os argilosos, desde que, posteriormente, seja transplantada em solo rico em matéria orgânica.
- Semente: Colher quando o fruto estiver bem maduro (os de caídas são ideais), despolpar (aproveite e coma a fruta) e plantar a semente direto em tubetão, saquinho ou vaso. O ideal é plantá-la imediatamente, não sendo recomendado o seu armazenamento, pois a semente não tolera perda de umidade. Após a plântula apresentar altura mínima de 50 cm, poderá plantar no local definitivo.
- Germinação: 40 a 60 dias após o plantio. Existem estudos que indicam que mesmo com a semente danificada (partida) as plântulas germinaram normalmente.
- Sol: Pleno ou meia sombra.
- Crescimento: de moderado a lento (Secundário inicial). Geralmente leva de um a dois anos para atingir o primeiro metro.
- Frutificação: Frutifica de 1 a 2 anos, sendo considerada uma frutificação precoce.
- Altura: 5-15 metros,
- Distribuição: Sul e Sudeste do país, natural da mata atlântica.
- Época: conforme a região onde situa-se, floresce e frutifica em diferentes épocas do ano, mas geralmente a floração inicia nos períodos de agosto a dezembro. O que tenho observado em algumas cidades do estado de São Paulo, é que floresce de agosto a setembro e frutifica de outubro a dezembro.

Referências:
- Mattos, J. R. Myrtaceae do Rio Grande do Sul. Roessléria 6, n. 1, p. 163-167, 1984.
- Silva, C. V.; Bilia, D. A. C.; Maluf, A. M.; Barbedo, C. Fracionamento e germinação de sementes de uvaia (Eugenia pyriformis Cambess. – Myrtaceae). Revista Brasil. Bot., v. 26, n. 2, p. 213-221, 2003.